Minha herança para elas...
Minha herança para elas...
Coisas que toda mãe deve ensinar para sua filha
Minha mãe é uma mulher muito sábia e sempre a frente de seu tempo. E, com a ajuda peculiar do meu pai, me ensinou coisas fantásticas sobre a vida e sobre ser feliz. Gostaria muito de conseguir passar às minhas filhas algumas dessas lições, que me fizeram orgulhosas de ser quem eu sou.
· O mundo não é um conto de fadas
Apesar das lindas histórias contadas pela Disney, o mundo real é bem diferente. É importante ensinar às nossas filhas que príncipes encantados podem até existir, mas que nossa vida não pode depender deles para tomar algum rumo. Somos nós mulheres que devemos tomar as rédeas de nossas vidas, e que ter um príncipe encantado é apenas uma das opções. Ao ler ou assistir alguma dessas histórias, conversem juntas sobre os significados das diversas mensagens que a narrativa mostra. Pensem juntas também sobre finais alternativos. Conte a elas histórias inspiradoras de mulheres fortes. O livro NOME DO LIVRO tem muitas história assim e é uma ótima opção de presente para mocinhas. Ele é graficamente lindo, suas ilustrações são fantásticas e o seu conteúdo é maravilhoso. A Luísa adorou a leitura e ficou surpresa com as narrativas de coragem, força e superação.
· Você pode dizer não
Apesar de toda a luta feminista, não é bem verdade que toda mulher pode ser o que ela quiser. Não são todas as pessoas que aceitam com tranquilidade uma mulher querer ser recatada e do lar. Prova disso foi o burburinho que invade as redes sociais até hoje sobre a frase dita na época. A questão é que isso (ser recatada e do lar) não significa submissão. E está longe de ser isso.
Já estive do outro lado também. Quando ainda era somente a Luísa, eu trabalhava em três lugares. Com muito jogo de cintura, duas babás e minha mãe, consegui acompanhar as atividades e o crescimento da minha filha. Nesse cenário pude sentir muito mais aceitação e admiração das outras pessoas, em especial das outras mulheres. Qual eu prefiro? Não sei. Sempre há culpa. E tudo depende da necessidade. Mas esse é um outro assunto.
Ensine sua filha que nenhuma posição que ela esteja, tira o direito dela falar não. Ela precisa respeitar os próprios limites. Principalmente quando se refere ao corpo dela. Se ela não quiser beijar alguém, não deve beijar. Respeite e ensine que isso deve ser feito por todos.
· Seja resiliente
O modo como nossas filhas reagirão as contrariedades impostas pela vida dependerá, em grande parte, em como, nós pais, ajudamos a desenvolver a resiliência nelas.
Resiliência é a capacidade desenvolvida pelo ser humano para adaptar-se a situações de mudança, como resolvemos problemas e reagimos frente a obstáculos. Em tempos de inteligência emocional como requisito básico para trabalho em equipes, esta é uma habilidade absolutamente necessária.
Minha mãe me apresentou o romance infantojuvenil Pollyanna, e brincamos até hoje do jogo do contente ensinado no livro. Esse jogo nos ensina a procurar sempre algo de bom e positivo dos acontecimentos, principalmente dos aparentemente desagradáveis. Com isso aprendi a ver a vida de outro modo. Nem sempre é fácil, mas mesmo demorando, vale a pena o exercício. Assim conseguimos ressignificar os acontecimentos que não saem como nossos planos, transformando nossos sentimentos diante da frustração e trazendo calma para tomar alguma decisão ou resolver algum problema de forma mais serena possível.
· Respeite outras mulheres
O mundo nos ensinou a competir entre nós mulheres. Acredito muito na força do feminino, e acredito, também, que por isso estarmos separadas era mais fácil para a sociedade patriarcal. Então vamos ensinar às nossas filhas que unidas somos bem mais fortes.
Podemos ensinar algumas coisas para que elas vivenciem a sororidade, como olhar as outras meninas com admiração e respeito, não julgar outra garota porque ela tem atitudes diferentes das que elas teriam, não enxergar outras meninas como inimigas ou concorrentes, ajudar uma coleguinha que esteja precisando e estar sempre emponderando outras meninas.
· Aproveite cada momento
Apesar de todo estereótipo e regras de boas maneiras, gostaria muito que minhas filhas tivessem uma autoestima fortalecida, para que pudessem aproveitar a vida sem se preocuparem com o que os outros estarão pensando ou fazendo juízo delas. Para isso é necessário que elas tenham valores bem fundamentados para que não se percam, mas que também sejam confiantes em si mesmas.
Dê exemplos rindo se si mesma, tendo um hobby, julgue menos outras pessoas, valorize suas conquistas e as delas também, curta o tempo de vocês juntas e reconheça a importância das pequenas coisas.
· É preciso endurecer, mas sem jamais perder a ternura.
Ou mais conhecida no original: “Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás.” , longe, bem longe de apologias ou questionamentos políticos. Aqui é no sentido que quero que minhas meninas sejam fortes e femininas. Que elas saibam cozinhar, lavar, passar, fazer a unha, se depilar. Mas que saibam igualmente trocar um pneu, dirigir um trator, montar a cavalo, ser empreendedora. Que elas saibam ser porto seguro para alguém, mas que se deixem aninhar em um colo que lhes dê segurança se preciso for. Que sejam independentes e autossuficientes, mas que convivam bem com o outro e saibam fazer o outro se sentir importante.
Não sei se é verdade a história que em um jantar o então presidente americano Barack Obama e a primeira dama Michelle Obama encontraram um ex-namorado dela como garçom servindo as mesas. O presidente então disse: “Já pensou se você tivesse se casado com ele? Hoje seria a esposa de um garçom!!!” E Michelle com toda ternura, lhe deu um beijo e falou com a voz doce: “Não querido. Ele seria o presidente!”. Não precisamos jogar com as mesmas armas dos homens, temos um poder diferente, um jeito diferente de fazer as coisas. Claro que há quem prefira ser a presidente, ou presidenta. Então, da mesma forma, basta fazer acontecer usando suas particularidades a seu favor.
· Minhas experiências
Sou tão feliz e grata por ter filhas! Uma das coisas mais lindas que acho em nossa relação é a possibilidade de uma amizade onde podemos dividir experiências vindas de situações semelhantes.
A Helena (1) ainda não entende, me reconheço muito na personalidade da Stela (5) e nas atitudes da Luísa (11). Elas adoram quando começo “ Quando eu tinha a sua idade...”. Essa troca é maravilhosa, me faz perceber como elas encaram as coisas de formas diferentes de mim, como são maduras, mas também como somos parecidas. Todas nós aprendemos, fortalecemos vínculos, elas se sentem importantes e nossos corações ficam mais pertinhos.
· Tenha fé em Deus
Esse é o ensinamento mais valioso que uma mãe ou pai pode deixar para seus filhos, independente de serem meninas ou meninos. Confiar nos propósitos Divinos, sem contesta-Los, mas sabendo que temos que fazer nossa parte, nos traz o conforto e a segurança que o melhor está acontecendo em nossas vidas.
Ter uma religião é muito importante para a formação do caráter de qualquer ser humano. Então compartilhe com suas filhas. E a vivencie junto com elas, faça com que seus ensinamentos sejam assuntos habituais. E aproveite situações cotidianas para fazer uma ligação com o que é aprendido em sua crença.
Bom... E no final de tudo, tento ensinar que o que realmente importa é o amor, em qualquer hora e em qualquer lugar.
E você, qual a “herança” que gostaria de deixar para suas pequenas?
Beijos, beijos.
Lucila Oliveira